, talvez se eu conseguisse manter
esta sensação, manter tudo desta forma dentro de mim. embora eu saiba
perfeitamente do poder de oscilação do meu gênio e da peculiar instabilidade na
qual me encontro atualmente. tudo bem, uma hora passa {como gosto do efeito das gotinhas de chuva no
vidro, o contraste com o cinza escuro, a melancolia. se pudessem, com alguma
engenhoca qualquer, tirar uma foto da minha essência, das coisas que sou por
dentro, acho que ficaria assim. o cinza é tudo que conheço. minha vida é uma
tela vazia e, embora eu tenha tintas multicoloridas às mãos, aquarelas
diversas, misturas, texturas e o caralho o quatro, no final, tudo que me resta,
é o borrão cinza-melancólico da minha alma. minha alma, que merda estou
dizendo? alma... [por que será que sou raso desse jeito? meus pensamentos, esse
monte de porcarias vazias, simplórias... por que sou assim? eu queria ser
profundo de alguma forma, saber falar de alguma coisa com propriedade, largar a
mediocridade das mesmas palavras óbvias, da mesma pragmática imbecil. não sei não
ser medíocre. deveriam ensinar isso na escola... não, peraí, eu acho que, na
verdade, é pra isso que a escola serve. ah, foda-se.] ♪ triste é viver só de
solidão, pena de quem nunca esteve aqui, pra ver, fazer dormir... a noite ♫ (okay
random, tu vai mesmo ficar de zuação com a minha cara?) ... deus, como estou melancólico
hoje. este ônibus cabe 50 pessoas, nem 1/3 das passagens foram vendidas e,
mesmo assim, eu me sinto sufocado, claustrofóbico, como se minha melancolia
ocupasse cada centímetro livre. tá sentindo daí? (ei, eu bem te pegava, sabia?) e daí a gente começa a subir a serra, entre a neblina, é como emergir de um taciturno
mar cinza [oh deus, friburgo não friburgo não fribur (por que eu não peguei um
outro ônibus qualquer na rodoviária e sumi no mundo? se eu pudesse, juntaria
meia dúzia de roupas numa mochila, compraria uma passagem pra qualquer lugar e
viveria conhecendo gente, lugares, vivendo sem rotina, roteiro, sem ter que
sentar meu rabo na frente de um computador todo santo dia pra contabilizar
dinheiro que não é meu — preciso terminar aquele balanço amanhã, não posso
esquecer. — é estúpido gastar uma vida inteira pra fazer tudo que não te
interessa. e mais estúpido ainda é perceber que sim, você pode entrar no cacete
do ônibus e ir ver o mundo. o que te prende? o que me prende? nada. mas a gente
se condiciona a essa obrigação de criar raízes indesejáveis e, quando vê, a
vida foi embora dentro de um escritório e tudo que você conhece do mundo é o
caminho casa-trabalho. isso é triste. eu não quero morrer sem ver o mundo. preciso
fazer algo em relação a isso). (jens lekman, eu acho que eu te amo, cara. ♫ you in my
arms.) ...go não friburgo não friburgo não] [e se esse ônibus virasse aqui? o que
eu estaria realmente perdendo? é muito estranho essa falta de senso meu do
valor da vida. quando penso em perder o que tenho, me preocupa muito mais a dor
que isso causaria nos meus pais do que (aff, como eu odeio ultrapassagem) o que realmente estaria perdendo. afinal, eu não vou estar aqui depois para
lamentar essa perda, não é mesmo? (deus, como pode ser tão simplório? é um
desperdício você ser portador de um cérebro, raphael). a vida é meio
superestimada. dane-se, é o que eu acho.] ..... alma. bem, que pode haver de
mal em ser um pouco triste e cinza, não é mesmo? felicidade é coisa efêmera, a
gente sente ela dissipar entre os dedos, frágil, imprestável. felicidade é
enganação, ilusão, não se pode confiar em algo que não dura. por outro lado, se
fôssemos apenas felizes, o que restava, né? quem foi que disse esses dias que
se fôssemos felizes o tempo todo ficaríamos loucos? não lembro. mas é bem isso. sou feito de tristeza. preciso aprender a lidar com isso e aceitar isso dentro
de mim. sempre vou vestir esse cinza celeste de dia londrino. não posso mais
deixar meus olhos chamuscarem nas faíscas da felicidade. não.} já pensou que
loucura seria se eu pegasse esse monte de pensamentos bestas e jogasse num texto
escrito da forma que eu bem entender? lúcia me reprovaria,
certeza....
domingo, 16 de outubro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
vidas que se cruzam.
Histórias
de amor não seguem scripts. Não há obviedade que possa ser encontrada nas
formas que os corações tendem a se comportar, ou racionalidade nas linhas invisíveis
que juntam, pouco a pouco, duas vidas que precisam se chocar e se tornar apenas
uma. O amor simplesmente acontece, da forma que convier a ele mesmo, sem nos
pedir permissão, sem se preocupar em nos surpreender de infinitas maneiras. Abro
espaço neste blog, neste dia muito, muito especial, para contar uma pequena
história sobre essas linhas invisíveis, paralelas num primeiro momento, até se
tornarem o mais belo laço.
Eu
sequer sei mais há quanto tempo o Gustavo está em minha vida: a contagem dos
anos se perdeu entre as brincadeiras de ruas, os churrascos na casa dele, os
anos de trabalho juntos, as conversas sempre carregadas de risadas, outras
umedecidas de lágrimas. Mais do que uma amizade, fomos, gradualmente, criando
laços de irmãos, que se alastraram por toda a família dele, que me acolheu como
se realmente compartilhasse em minhas veias o sangue que corre nas dele.
Já
a Mari caiu de pára-quedas em meu cotidiano num momento um tanto confuso e conturbado:
estava em um momento de transição da minha própria vida quando nos conhecemos
em vidas que apenas fingíamos que eram nossas. Formou-se um pequeno imbróglio
amoroso que, à época, não podia livrá-la dele — por falta de coragem ou de
maturidade ou coisa que o valha. Mas, neste ínterim desconexo, a vida dela
cruzou com a do Gu pela primeira vez, talvez não da forma apropriada, mas, como
disse, o amor tem seus próprios métodos de agir.
Só
voltaríamos a nos reencontrar alguns anos depois, quando as entrelinhas puderam
ser reveladas apropriadamente e, com lágrimas nos olhos, pelo frio contato do
mensageiro, pedi desculpas a Mari por tudo que havia acontecido. Reatamos,
lentamente, os laços de nossa amizade, agora sim da forma que sempre deveria
ter sido. E, vindo passar o dia do meu aniversário do ano passado aqui, ela
teve oportunidade de resolver outras pendências que também se encontravam em
hiato.
Hoje,
depois de quase um ano, todos esses encontros e desencontros parecem ínfimos
com a chegada do Bernardo, nossa pequena espera ansiosa dos últimos nove meses.
E vocês não sabem como me sinto feliz de poder ser padrinho dessa pequena
preciosidade e o quanto de amor tenho guardado em mim para dividir com ele,
para estar sempre presente em sua vida de todas as formas possíveis.
Mas,
mais que tudo, esse pequeno texto é pra demonstrar o quanto me deixa orgulhoso
ter sido a linha que fez a vida de vocês dois se cruzarem. Isso enche meu coração
de felicidade, de verdade. Obrigado por me deixarem fazer parte dessa família.
A jornada está só começando, e eu estarei aqui, sempre, com vocês.
Bem
vindo ao mundo, Bernardo. Conte com seu dindo pro que for. Sempre.
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