domingo, 16 de outubro de 2011

devaneios numa estrada em tarde chuvosa.


, talvez se eu conseguisse manter esta sensação, manter tudo desta forma dentro de mim. embora eu saiba perfeitamente do poder de oscilação do meu gênio e da peculiar instabilidade na qual me encontro atualmente. tudo bem, uma hora passa  {como gosto do efeito das gotinhas de chuva no vidro, o contraste com o cinza escuro, a melancolia. se pudessem, com alguma engenhoca qualquer, tirar uma foto da minha essência, das coisas que sou por dentro, acho que ficaria assim. o cinza é tudo que conheço. minha vida é uma tela vazia e, embora eu tenha tintas multicoloridas às mãos, aquarelas diversas, misturas, texturas e o caralho o quatro, no final, tudo que me resta, é o borrão cinza-melancólico da minha alma. minha alma, que merda estou dizendo? alma... [por que será que sou raso desse jeito? meus pensamentos, esse monte de porcarias vazias, simplórias... por que sou assim? eu queria ser profundo de alguma forma, saber falar de alguma coisa com propriedade, largar a mediocridade das mesmas palavras óbvias, da mesma pragmática imbecil. não sei não ser medíocre. deveriam ensinar isso na escola... não, peraí, eu acho que, na verdade, é pra isso que a escola serve. ah, foda-se.] ♪ triste é viver só de solidão, pena de quem nunca esteve aqui, pra ver, fazer dormir... a noite ♫ (okay random, tu vai mesmo ficar de zuação com a minha cara?) ... deus, como estou melancólico hoje. este ônibus cabe 50 pessoas, nem 1/3 das passagens foram vendidas e, mesmo assim, eu me sinto sufocado, claustrofóbico, como se minha melancolia ocupasse cada centímetro livre. tá sentindo daí? (ei, eu bem te pegava, sabia?) e daí a gente começa a subir a serra, entre a neblina, é como emergir de um taciturno mar cinza [oh deus, friburgo não friburgo não fribur (por que eu não peguei um outro ônibus qualquer na rodoviária e sumi no mundo? se eu pudesse, juntaria meia dúzia de roupas numa mochila, compraria uma passagem pra qualquer lugar e viveria conhecendo gente, lugares, vivendo sem rotina, roteiro, sem ter que sentar meu rabo na frente de um computador todo santo dia pra contabilizar dinheiro que não é meu — preciso terminar aquele balanço amanhã, não posso esquecer. — é estúpido gastar uma vida inteira pra fazer tudo que não te interessa. e mais estúpido ainda é perceber que sim, você pode entrar no cacete do ônibus e ir ver o mundo. o que te prende? o que me prende? nada. mas a gente se condiciona a essa obrigação de criar raízes indesejáveis e, quando vê, a vida foi embora dentro de um escritório e tudo que você conhece do mundo é o caminho casa-trabalho. isso é triste. eu não quero morrer sem ver o mundo. preciso fazer algo em relação a isso). (jens lekman, eu acho que eu te amo, cara. ♫ you in my arms.) ...go não friburgo não friburgo não] [e se esse ônibus virasse aqui? o que eu estaria realmente perdendo? é muito estranho essa falta de senso meu do valor da vida. quando penso em perder o que tenho, me preocupa muito mais a dor que isso causaria nos meus pais do que (aff, como eu odeio ultrapassagem) o que realmente estaria perdendo. afinal, eu não vou estar aqui depois para lamentar essa perda, não é mesmo? (deus, como pode ser tão simplório? é um desperdício você ser portador de um cérebro, raphael). a vida é meio superestimada. dane-se, é o que eu acho.] ..... alma. bem, que pode haver de mal em ser um pouco triste e cinza, não é mesmo? felicidade é coisa efêmera, a gente sente ela dissipar entre os dedos, frágil, imprestável. felicidade é enganação, ilusão, não se pode confiar em algo que não dura. por outro lado, se fôssemos apenas felizes, o que restava, né? quem foi que disse esses dias que se fôssemos felizes o tempo todo ficaríamos loucos? não lembro. mas é bem isso. sou feito de tristeza. preciso aprender a lidar com isso e aceitar isso dentro de mim. sempre vou vestir esse cinza celeste de dia londrino. não posso mais deixar meus olhos chamuscarem nas faíscas da felicidade. não.} já pensou que loucura seria se eu pegasse esse monte de pensamentos bestas e jogasse num texto escrito da forma que eu bem entender? lúcia me reprovaria, certeza....

3 comentários:

Paloma Loretti disse...

Não sei quem é essa tal, mas se ela te reprovasse te deixaria ainda mais engasgado, certeza.
Essa coisa de cinza , agonia , idas e vindas no melhor 'street style' é bem Londres mesmo. Acho que Londres também é bem você, anima? Outra vida, outros ares, outras pessoas... deve ser muito bom seguir o rumo das folhas ao vento...

bjs

rapha. disse...

haha londres não enche tanto meus olho assim, mas um dia estarei lá em dublin. cê vai ver só.

Paloma Loretti disse...

vai menino rapha!!(y)