domingo, 6 de julho de 2008

conversas de noites de inverno

a noite fria encontra seu sentido no copo de cerveja gelada. o bar, situado em uma rua comercial apertada e bem iluminada é freqüentada por pessoas perdidas na intenção de serem alternativos e diferentes. não importa. a maquiagem usada pelo rapaz-emo que passa bebendo um litro de cachaça no gargalo não significa nada para mim. a mesa ao lado, cercada por pessoas falando alto sobre assuntos irrelevantes tampouco importa. tudo deixa de existir no momento decisivo de contar aquilo que foi ocultado por tanto tempo.
o nível etílico sobe desenfreadamente. o álcool se espalha em nossos sangues, causando uma entorpecência cômoda e privando nossos cérebros da consciência verbal. tudo é dito sem filtros, em meio a risadas exageradas de fazerem os olhos lacrimejarem. não obstante, ele nunca fora um apreciador da sutileza. ele não entende. não compreende o sentido das piadas. até que a fumaça dos comentários cômicos se dissipa com a pura e simples verdade, dita pela primeira vez com os olhos nos olhos. e o álcool faz seu papel de tornar o momento um eufemismo da verdade. a aceitação vem imediatamente, seguida de conversas noturnas numa caminhada rumo à casa. eu não os perdi, embora esse nunca fora realmente o meu medo. tudo está devidamente no seu lugar agora, enquanto a sensação de liberdade esvai-se deliberadamente pelos meus poros. liberdade, ainda que tardia.

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