domingo, 1 de junho de 2008

o vácuo entre a vida que eu tinha e a vida que terei.

okay, eu confesso, eu estou apavorado. eu posso disfarçar muito bem com meu sorriso torto e disforme, com meu senso de humor sarcástico e com minhas atitudes de quem não liga e não se importa. mas eu me importo sim e toda noite quando deito a cabeça no travesseiro, os pensamentos se fazem presentes como uma nuvem negra, ocultando a claridade calma e pacífica dos meus sonhos iminentes. é um receio tão íntimo que presumo que ninguém seja capaz de percebê-lo ou notá-lo. é uma coisa só minha, deslizando sob minha pele junto com o sangue. uma coisa que simplesmente chamo de medo do futuro.

eu tentei atrasar meu futuro o máximo que pude. fui criança o quanto meu tamanho e minha mentalidade permitiram. a maturidade ia crescendo dentro de mim e eu a escondia com álbuns de figurinhas dos pokemon; os instintos começavam a me dominar e eu os camuflava com brincadeiras de rua e infantilidades de todos os gêneros. fui o primeiro do meu grupo de amigos a ser afetado pela puberdade e simplesmente odiei aquilo com todas as minhas forças. i don't wanna grow up, i don't wanna grow up! eu entendo o johnny ramone mew... mas quando tornou-se impossível manter a essência da infância, já que eu podia esconder meus instintos, mas as pessoas ao meu redor não tinha nenhum propósito para fazer isso, me tornei um adolescente. contra minha vontade, é verdade, porque eu sabia que assumir a maturidade se aproximando era aproximar-se cada vez mais da batalha que eu não estava pronto para travar. e fingi ser um adolescente. creio que até fingi bem: tive crises de solidão e pensamentos suicidas, chorei por garotas, tomei porres, vomitei em baladas, idolatrei bandas horríveis, assisti malhação, fiz bagunça na sala de aula, me afastei dos meus pais, me aproximei dos meus amigos, escrevi histórias, arranjei um trabalho de meio-período e fui irresponsável. pelo menos um pouquinho. pelo menos pra disfarçar. e que atuação! uhu! and the oscar for best actor goes to...

a verdade, pura e simples, é que vivi uma vida de atuação até aqui. o show de truman talvez, exceto pelo fato de que sempre soube que eu estava vivendo uma ilusão. e a ilusão acabou. porque o mundo fantasioso que eu criei incluía dezenas de várias outras pessoas que vivem suas vidas verdadeiramente e estão crescendo e se tornando adultos. e de repente, toda a fantasia desmoronou e eu me pego no meio de um vácuo silencioso, numa solidão súbita e incomparável com qualquer outro sentimento que já tive na vida. um vácuo entre a vida que eu tinha e a vida que eu terei.

a coisa devia ser muito simples: é mais ou menos como a continuação de um filme - o primeiro volume acaba, partimos pro segundo pra continuar a história. e eu realmente amo o primeiro volume do filme da minha vida, todos os sorrisos que ele me causou, todas as lembranças de coisas simples, mas de uma profundidade sem tamanho. a questão é que "minha vida - parte 2" infelizmente é uma continuação independente, com novo elenco, novo roteiro e uma história completamente nova. às vezes eu acho até que nova friburgo não é o cenário certo pra esse novo filme, mesmo que eu ame essa cidade como sei que nunca vou amar outra. e dói um pouco perceber que é hora de dar adeus a tanta coisa. dar adeus a amizades de infância, a rotinas sistematicamente calculadas, a coisas que eu estou tão habituado e acostumado. e me falta coragem para dar adeus a essa vida. eu sou um covarde por natureza e tenho tanto medo do mundo que estou aqui, preso a uma rede de fingimento e mentiras.

bom, esse blog está sendo criado no exato momento de pré-produção do 2º volume do filme da minha vida, metaforicamente falando. um dos momentos mais difícies que já passei, porque estou reprimindo muita coisa, desde pensamentos e atitudes a relacionamentos e novas experiências. não tem intuito nenhum de ser um blog da bruna surfistinha, porque nada que será escrito aqui interessa a ninguém, mew. mas tem uma hora que você tem tanta coisa guardada dentro da sua cabeça que se não expor de algum modo, você acaba sendo massacrado pela sensação de que pode explodir a qualquer momento.

esse é um blog escrito pelo cara do primeiro filme, tentando explicar pro cara do segundo filme que, de alguma forma, tudo vai dar certo. jogue-se na vida, cara! você está perdendo tempo.

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