terça-feira, 24 de junho de 2008

conversas de dias de inverno

o silêncio preenche tudo no primeiro instante. a conversa é diplomática, displicente, como de dois velhos amigos que se encontram na fila do banco depois de anos sem se ver. a falta de palavras levam os olhos a acompanhar o movimento dos carros na rua. está frio. o céu cinzento parece um reflexo da minha alma. fecho o casaco. ele torce o pescoço, olha nos meus olhos. - você tem certeza?
- tenho, respondo. - que merda, ele diz. não porque vá mudar alguma coisa, ele garante. mas, percebo eu, que ele não quer me ver sofrer. suas perguntas são cheias de rodeios, mas ávidas por respostas. respondo-as sem pestanejar, desejando aquela conversa há muito tempo. a preocupação, o apoio, a aceitação... tudo vem num bombardeio de sentimentos acolhedores. meus olhos umidecem. ouço tudo, falo pouco. quando falo, as lágrimas rolam. ele vai atender um cliente. aproveito a deixa para ir ao banheiro. sento no vaso. deixo o pranto rolar sem restrições. um choro de alívio. lágrimas que lavam meu rosto do medo de perder tudo que eu tinha. eu não vou perder. não vou.

... o peso sobre meus ombros começa a ficar mais leve.

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