domingo, 29 de junho de 2008

chama a funai que o programa é de índio! (festa de são pedro)

a tati avisou algumas muitas vezes durante essa semana: era só falar da festa de são pedro perto dela que ela já soltava "o quê? programa de índio!". definitivamente, precisamos aprender a ouvir os amigos.

o martírio que se tornaria a noite passada começou na rodoviária interurbana de friburgo. pra quem não conhece o lugar, basta dizer que aquilo ali é o portal do inferno. isso, exatamente. logo abaixo das estruturas de concreto do local abre-se um túnel direto para a morada do sete-pele. e nem é opinião própria, qualquer pessoa com bom senso e lucidez concordaria com essas sábias palavras. entramos eu, filipe e 2 conhecidas dele numa fila que era o último vestígio de pessoas civilizadas que veríamos pela próxima hora. havia por volta de umas 20 pessoas à nossa frente, o que significa que conseguiríamos ir sentados, já que um ônibus apresenta entre 45 e 50 assentos. mas quando a condução parou à plataforma com sua placa escrito um "são pedro" engarranchado a giz, sua porta dianteira foi cercada por um bando de bichos sedentos por se acomodar e o que era uma fila indiana tornou-se um motim da febem reivindicando melhorias na comida. quando conseguimos finalmente colocar os pés para dentro do ônibus, todos os lugares já haviam sido tomados e nos restou nos expremermos pelo corredor, entre gente desconhecida e pouco educada.

entre todas as coisas que me incomodaram dentro daquele comboio do inferno (que não foram poucas, pode ter certeza), 2 merecem destaque:

suíça brasileira? onde?
de boa, o que aconteceu com essa cidade? cadê as pessoas normais, civilizadas e adeptas dos bons modos? porque, em qualquer lugar que se olhe, em qualquer esquina de qualquer bairro o que se vê é um culto quase religioso à moda da favela, à marginalização ou a prosmicuidade. e nem é papo de conservador e também não há nenhuma conotação racial ou preconceituosa nisso. eu só não consigo entender como de repente todo mundo virou mc de funk, cachorrona de baile, aviãozinho de traficante, vida loka, assassino profissional, membro de gang... cacete, a marginalização é a nova moda entre os jovens, coisa mais bizarra! e suíça brasileira ficou no passado. agora nós somos o bronx brasileiro. bacana né? ¬¬'

maldita nokia!
eu tenho pena da alma do cidadão sem mãe que inventou esses malditos celulares com mp3 que tocam no alto-falante. ele vai resgatar por muitas e muitas vidas tudo que ele está nos fazendo passar. porque eu desconheço coisa mais irritante do que você está em um lugar público e o filha-da-mãe sem senso do ridículo ao seu lado ligar aquela porcaria tocando o último pancadão, como se você tivesse a plena obrigação de ouvir juntinho com ele as melodias da sabrina, perlla, do mc créu e toda a patota criativa do funk. novamente esclareço que não há preconceito em minhas palavras, mas vocês acham que os fones de ouvido foram inventados para quê, cacete? ouça a droga da sua música sozinho ou ao menos pergunte se a pessoa ao seu lado não se importa, porque ninguém tem obrigação de aturar o seu gosto pessoal, beleza?

1 hora e meia num ônibus lotado com as amigas do filipe cantando músicas da xuxa, celulares tocando um funk com a melodia de "irreplaceble" da beyoncé (ao invés de "to the left, to the left" o criativo "músico" dizia "quero leite, quero leite"), pessoas olhando de cara feia com se fossem amigos ínitmos do 50 cent e também tivessem tomado trocentos tiros na cara, odores estranhos e contatos físicos involuntários deviam ser suficientes para você pagar todos os seus pecados cometidos nesse mundo. mas já dizia o sábio que desgraça pouca é bobagem...

chegamos à festa que consiste numa rua comprida fechada, cheia de barraquinhas e uma área cimentada para as pessoas dançarem forró. as pessoas que me conhecem sabem que não gosto de lugares cheios, de tumulto ou de forró, portanto, cabe muito bem a pergunta do que eu fui fazer lá. meu bom-senso vira e mexe falha e me deixa cometer erros terríveis como esse. começamos a subir a rua atrás de gustavo, que já estava na festa com a ágatha, a gabi, o daniel e mais um pessoal. eu e filipe estávamos tão cansados do dia de trabalho e da auto-flagelação da viagem de ônibus que estávamos pensando em ir embora uma hora depois de termos chegado, até que encontramos finalmente com o pessoal. ficamos por ali por algum tempo vendo o show do nó cego, comendo amendoins e sem vontade alguma de ingerir qualquer quantidade de álcool até que por volta de 2 e meia resolvemos ir para o ponto. nessa hora rolava até certa troca de farpas entre o grupo e as chances remotas de estancar uma porrada (rs), mas precisávamos ir para o ponto, com a esperança de conseguirmos um lugar para descansar nossos corpos exaustos. esperanças vãs, já que a rebelião da febem se repetiu e novamente eu e filipe conseguimos lugares maravilhos no meio do corredor. o cansaço da viagem de volta foi tenebroso e por várias vezes quase me peguei dormindo em pé, sustentado pelos braços fracos pendurados no ferro superior. e a máxima "desgraça pouca é bobagem" se concretizou soberanamente com uma caminhada de 40 minutos do centro ao nosso bairro, já que friburgo não tem ônibus durante a madrugada. ótimo jeito de terminar uma das piores noites da história mundial!

moral da história:
são nas baladas do fim de semana que pagamos nossos pecados.

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