sexta-feira, 27 de junho de 2008

biografia autorizada - parte 2

esse post é uma continuação desse aqui.

o fato que marca a transição da minha infância para adolescência foi a troca de escola: era hora de deixar os amigos de 5 anos do hermínia e mergulhar no desconhecido do jardel hottz. mas na verdade, a adaptação no novo colégio não foi difícil como imaginei que seria e, de todos os relacionamentos que tive lá, vale frisar que um que me permanece até hoje é minha amizade com a ingrid (essa moça da esquerda na foto ao lado). o porquê eu realmente não sei, já que na época do jardel hottz eu passava 72% do tempo em sala de aula implicando com ela, junto com o jackson e o maycon. más companhias são um problema (rs). nessa época também eu fui tio pela primeira vez e para uma criança de 12 anos ser tio é uma coisa bem diferente. mas eu curti muito, vivia enfurnado na casa da minha irmã beijando a testa do patrick (ela berrava quando eu fazia isso, dizendo que eu tava babando a criança rs).

a mudança de escola veio de novo e o ensino médio não começou de um jeito muito agradável para mim. e talvez foi nesse ano que eu e ingrid apertamos os laços da nossa amizade, já que ela era a única pessoa que eu tinha no jamil el-jaick, colégio que não me recebeu acolhedoramente como os outros. comecei a faltar aulas de tão mal que me sentia naquela turma e minha mãe foi chamada à escola por conta disso. eu só fui me adaptar ao colégio e fazer amizades no 2º ano, ou seja, todo o ano de 2001 foi um martírio para mim. contudo, essa foi uma época criativa para mim: foi nos anos do jamil el-jaick que escrevi dois épicos da literatura brasileira (rs): curtindo a adolescência, um conto sobre a juventude do século XXI mal-escrito e com idéias mirabolantes sem noção (rs); e um dia espero te reencontrar, a epopéia de um amor impossível que acaba em morte. okay, confesso que são 2 porcarias, mas creio que mereço o mínimo de respeito pelo meu esforço: esse segundo foram 700 páginas de rascunho e depois passei as 700 páginas a limpo, já que não possuía computador na época. os 2 cardernos com as aventuras de paty e digão se encontram bem guardados na casa da lory, como relíquias da minha adolescência.

o período 2001-2003 trouxe também os meus tempos de depressão e introspecção: mudamos para uma casa gigante na rua heckert e eu passava quase todo o tempo nessa casa trancado no meu quarto mal-iluminado, ouvindo música ruim no meu discman (nessa época eu ouvia de the calling a charlie brown jr. tsc...) e escrevendo coisas taciturnas e depressivas. não via meus amigos, o único contato social que eu tinha era na escola, me afastei dos meus pais, o que tem reflexo até hoje na relação com eles e tinha devaneios idiotas sobre suicídio e morte. mudamos da rua heckert para um condomínio no nova suíça e aí então que a coisa piorou: a distância física do filipe (a única pessoa que eu mantinha contato nessa época) me jogou num poço de solidão que quase fez eu me entregar. esses tempos nefastos só passaram quando nos mudamos de volta para a chácara do paraíso, para a casa onde vivo até hoje.

a escola repentinamente acabou: nessa época eu já tinha dado meu primeiro beijo com um moça que apareceu do nada lá na rua do filipe. eu era iniciante, porra, e as palavras dela me fizeram passar 1 ano sem beijar mais ninguém. eu e filipe chamos esse período de trouble b (problema beijo rs). o fim da escola me deixou meio desnorteado, afinal, era hora de se jogar na vida. meu pai mandou eu ir caçar um curso e eu queria fazer inglês afinal, inglês é parte integrante da minha vida desde minha coleção magic english (sim, eu aprendi inglês com mickey, pluto, pateta e derivados). meu pai embarreirou o curso de inglês e acabei entrando pra manutenção de computadores por ser um curso rápido. péssima idéia, dinheiro jogado fora e 6 meses perdidos. a vida então se encaixou no meio-expediente na locadora porque em 2007 o processo de recuperação do meu couro cabeludo (explicado detalhadamente na parte 1 desse post) recomeçaria.

dessa operação eu tenho vastas lembranças, portanto, posso dividir algumas com vocês: o expansor colocado no meu cocuruto fez um verdadeiro quebra-molas na minha cabeça e se você desse tapinhas nele, dava pra ouvir o soro lá dentro se mexendo. gustavo nunca conseguiu colocar a mão porque ele morria de nervoso e não era para menos: eu fiquei parecido com um e.t. com aquela deformação na cabeça. eu tirei o expansor em junho e voltei para fazer uma operação mais simples em dezembro. na verdade, chega de expansores! tudo que o dr. henrique (um médico excepicional, diga-se de passagem, que sempre foi muito atencioso comigo) fará agora são implantes para cobrir as partes pequenas que faltam. se eu vou me livrar do boné depois que essas pequenas operações acabarem, sinceramente, eu não posso afirmar. mas que eu já me sinto mais livre e confortável com isso é uma certeza.

e eis que chegamos a 2008, a cena final do volume 1 do filme da minha vida (boiou? primeiro post do blog, por favor). em março desse ano eu começei a trabalhar na casa do doce, meu primeiro emprego de verdade, já que na locadora sempre foi meio-expediente. o começo lá foi muito difícil, já que o vinicius não estava satisfeito com o meu aproveitamento e, ao invés de falar comigo sobre isso, estava falando com os outros funcionários. pensei diversas vezes em sair, desistir, jogar a toalha... mas aos poucos me adaptei e hoje em dia estou bem satisfeito com meu trampo. trabalhar na casa do doce também foi deveras importante para a minha aproximação do gustavo, já que por trabalharmos juntos, nos tornamos ainda mais próximos.

mas se a parte profissional se encaixava durante o ano de 2008, havia algo errado na minha vida pessoal. algo muito errado. a tristeza começou a achar espaço e a ir se acomodando como se tivesse sido convidada; a infelicidade apagava lentamente o sorriso do meu rosto, enquanto a angústia se acoplava ao meu corpo, deixando um mal-estar de que tem algo muito errado. e quando ficou impossível de suportar, quando já estava causando dor demais para seguir em frente, eu conversei com a bia e pude novamente respirar. tassi viria em seguida, trazendo um pouco mais de paz pra minha amargura, dúvidas e complexos.

e então, na segunda-feira dessa semana, num banheiro sujo onde deixei as lágrimas rolarem deliberadamente, a tela em fade-out anunciava o fim do volume 1. e parece que dessa vez a continuação superará o filme orginal. que venha o volume 2!

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